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TTOs e TISCs podem fortalecer ainda mais a Propriedade Intelectual no Brasil

O Brasil tem avançado cada vez mais na discussão sobre como transformar ciência em inovação. No entanto, ainda existe uma distância considerável entre a produção acadêmica e a sua conversão em impacto econômico e social. 

Nesse cenário, o papel dos Technology Transfer Offices (TTOs) e dos Technology and Innovation Support Centers (TISCs) merece atenção especial, já que essas estruturas são fundamentais para atribuir um uso e aproximar a pesquisa do mercado.

Essas siglas representam a diferença entre uma descoberta que permanece restrita a artigos científicos e uma tecnologia que chega à sociedade, gerando empregos, competitividade e desenvolvimento. Você sabe a diferença entre elas, na prática? Explico mais a seguir.

Os TTOs são responsáveis por organizar políticas institucionais de Propriedade Intelectual, avaliar o potencial de invenções e negociar contratos de transferência de tecnologia. Já os TISCs cumprem a missão de democratizar o acesso à informação tecnológica, apoiando pesquisadores em etapas críticas, como buscas de anterioridade, análise de tendências e redação de patentes.

Essas estruturas reduzem incertezas e riscos jurídicos, encurtando o caminho entre a descoberta e a inovação aplicada. Diante dos bons resultados em diferentes países, a experiência internacional comprova o impacto desse modelo. 

Hoje, existem mais de 1.400 TISCs em operação espalhados por 90 países. Em muitos deles, a integração entre TTOs e TISCs aumentou a quantidade e a qualidade das patentes, gerando licenciamento, criação de spin-offs e transferência efetiva de tecnologia. A Universidade de Stanford é um case de sucesso, já que seu TTO estruturado deu origem a empresas como Google e Cisco, que nasceram de pesquisas acadêmicas.

No Brasil, a relevância é ainda maior. O país conta com universidades de excelência, pesquisadores reconhecidos internacionalmente e um conjunto de marcos regulatórios importantes, como a Lei de Inovação, o Código de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Marco Legal de Startups. No entanto, a execução ainda é o grande desafio. 

Muitos TTOs do Brasil funcionam com equipes reduzidas e recursos limitados, sem autonomia para negociar contratos complexos. A formação de profissionais especializados em transferência de tecnologia também é escassa, dificultando a evolução dos processos. 

Enquanto isso, os TISCs, ainda que em fase de expansão, carecem de maior capilaridade e integração. Isso dificulta seu acesso por parte de pesquisadores e empreendedores.

E essa fragilidade tem consequências diretas. Invenções promissoras muitas vezes não chegam ao mercado por falta de suporte técnico, enquanto outras são publicadas sem proteção, caindo em domínio público antes de gerar valor. 

Nesse ponto, torna-se evidente a necessidade de fortalecer os TTOs e os TISCs com políticas institucionais claras, equipes capacitadas e mecanismos de apoio que considerem a quantidade de patentes e os seus resultados em termos de impacto econômico e social.

É importante ressaltar que Propriedade Intelectual não é burocracia. Quando bem gerida, é um ativo estratégico que protege invenções, gera previsibilidade para investidores, atrai capital e posiciona o país de forma mais sólida nas cadeias globais de inovação. Empresas de tecnologia e farmacêuticas já demonstraram isso ao longo das últimas décadas. 

O desafio das universidades e dos centros de pesquisa brasileiros é internalizar essa lógica para que o conhecimento gerado com recursos públicos seja convertido em benefícios para todos.

São pontos que mostram como o fortalecimento de TTOs e TISCs não se restringe a uma pauta técnica. É uma decisão de política pública e de estratégia nacional que pode definir se o Brasil permanecerá como um autor referência em artigos científicos, mas dependente de tecnologias externas, ou se avançará para o protagonismo na transformação do conhecimento em inovação, empregos e competitividade global. 

A ciência brasileira já entrega sua parte. O próximo passo é reforçar as pontes para que pesquisa e mercado caminhem lado a lado. E a evolução começa por todas essas estruturas.

EXPERIÊNCIA RECONHECIDA INTERNACIONALMENTE

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